terça-feira, 24 de maio de 2011

Não precisa me amar.

(Os abismos de estrelas falsas no falso céu do teto do meu quarto...)

Eu sou o condor desse meu céu, tentando tirar das arestas apenas as destrezas. E eu me sinto inquieto diante dele.
Outro dia me perguntaram:
-Porque você é tão inquieto?
-Ele parece aquelas pessoas que tomam remédio e ficam de lá pra cá, perturbadas...
Apenas revirei os meus olhos com despeito. Mal sabiam elas que eu realmente tomava, não tomo mais por quê me esconderam todos eles. Meus amores, meu vicio. E é falando em inquietude que fico pensando como eu ainda sofro essa crise de identidade, no auge dos meus vinte e um anos. Vinte e um anos descontrolados. Apaixonei hoje, amanha esqueci, gostei hoje, amanha não mais, se estou alegre, estou alegre demais, se estou triste, estou triste demais. E tudo muda em questão de minutos, eu não sei como controlar. Aqui dentro tudo é deslexo, fogo no peito, pimenta no sangue, água nos olhos, áçucar na boca, álcool nas veias, vento nos ouvidos, doce no coração. Ah o coração! O único concreto, estável, sincero e verdadeiro. O que quando te vê me faz pedir arrego, e me faz subir nas montanhas, e pular, e querer voar. E eu não sei se faz frio ou calor, minhas vistas rodam, minha vida roda, o mundo roda, tudo roda. Tento manter firmeza sempre segurando em algum copo, pois neste tal momento só ele e você estão imóveis. Me recomponho conversando com seu silêncio, falo sobre a nossa instabilidade, os altos e baixos, os meus desejos mais secretos. E o seu silêncio me entende, mas eu não consigo entendê-lo. Eu digo também que todos os dias antes de dormir eu penso em mil coisas pra te dizer, mas ao acordar eu deixo tudo de lado. Não sei se por não valer a pena dizer, ou se por eu estar cansado de partir o meu peito contra você. Mas ai você chega com seu olhar diferenciado de completamente todos em volta, você estende eu sorriso, passa a mão no seu cabelo, abaixando a cabeça, depois levantando erguendo a sobrancelha. E eu penso que realmente não tem como não te amar
, todos os meus pelos arrepiam, e eu me sinto um nada diante da sua presença. É como se o céu perfurasse a face da terra, deslocando tudo, me afundando e te elevando pro alto. Isso sim é o que o meu coração concreto pode me fazer sentir, na verdade toda vez que eu me deito inquieto olhando para o meu falso céu, é tudo medo de não conseguir descansar, nem dormir. Pois eu sempre corria pro sonho, e lá você sempre estava, foram os meus melhores... E nos meus pesadelos, era em você que eu buscava apoio quando acordava assustado, incrédulo. Hoje nem sonho eu tenho mais. E me vem uma dor que eu sinceramente nem sei de onde eu tiro tanta força pra levantar dessa cama. é como se a noite viesse e arrancasse toda alegria da terra, e o dia não fosse mais nascer pra renovar a minha alma, inválida, fedida, as moscas. Eu só queria conseguir perfurar o seu coração de pedra e me abrigar dentro dele. Mas eu não tenho as armas certas, nem sou forte o bastante pra isso. Na verdade eu nem preciso que você me ame, desde que você ainda faça eu sentir o que é realmente ter um coração. A única parte verdadeira do meu corpo.

Danilo C.






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