quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Quando eu ganhei o céu.

Penso que sou forte, penso que vou além da gravidade, penso que voarei, penso que subirei a montanha, mas penso que ela possa ser alta demais, vejo-me pensando que subirei facilmente, repenso e penso que quando chegar no topo apaixonarei pela visão do abismo, subo a tal montanha, chego ao tal topo sem fôlego e exausto, me apaixono alucinadamente pelo abismo, me sinto encantado, penso que poderei pensar em ter mais onde subir, vejo que não tem mais onde subir, penso em fechar os olhos, fecho os olhos, penso em pular, penso em me ver, agora me vejo, me vejo pulando, me vejo aos quatro ventos, me vejo aos prantos, me vejo em queda, me vejo explodindo a metros e metros no chão, vejo o sangue em esguicho pelo chão, escuto as asas dos urubus as pressas, ouço as corujas, vejo as cobras, os ratos e as baratas, vejo o sol ardendo em fogo, vejo as nuvens correrem depressa, penso em pensar em me ver, me vejo, vejo uma grande fumaça preta cobrindo meu corpo, vejo os olhos, penso em rezar, abro os olhos e vejo a fumaça agora em um tom azul claro, vejo meu corpo se reconstruindo, agora me vejo com asas e coroa, pisando em cabeças de porcos e sorrindo sutilmente de olhos fechados, me vejo subindo aos céus, vejo as nuvens voltarem na sua frequência normal, vejo o céu limpo e cheio de vida, não me vejo mais, vejo que ganhei o céu, me sinto incomodado pois não vejo meu nome nele, penso eu que a sensação não foi das melhores, penso em pensar em outra coisa, penso em fechar os olhos, fecho os olhos, penso em abrir os olhos, abro os olhos, me vejo em meu quarto, na minha cama, acordando de um pesadelo.

Danilo C.

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