segunda-feira, 14 de março de 2011

Sem título.

As coisas poderiam ser mais calmas, tão bem mais calmas quanto sentar na mesa pra tomar uma xícara de café, ou quando a tempestade vai embora e a gente abre as janelas, só pra observar a chuva caindo de fininho. Isso é o que eu pensava antes, antes de estar aqui, deitado ao seu lado e te vendo dormir, e por mais que eu esfregue os olhos, ou me belisque por inteiro, isso não é um sonho. E agora eu realmente sei o que é ter calma, ver você ai assim, suspirando calmamente, e eu aqui deslizando o meu olhar cético por seu queixo pontiagudo, levemente sensual, deslizando meu olhar lúdico por sua boca impressionantemente vermelha, sua boca intacta, imóvel, perfeita, repito, perfeita. E te ver aqui assim, é como se noventa por cento dos meus sonhos tomassem forma, e eu suspiro, me reviro, me estrago e me fortaleço. Lembro de todas as vezes que coloquei meu rosto no travesseiro, pra tapar o meu choro e ninguém escutar, e é realmente muito estranho você aqui, dos meus sonhos pro ápice da minha realidade. Queria poder dividir o meu choro, o meu choro que na verdade nem sai e nem quer sair, mas também não poderia estragar esse momento, nem perder nenhum segundo de você aqui dormindo tranquilamente. Pode ser masoquismo, tortura, presente, sonho, devaneio, peça que o destino prega, esse momento é meu e eu preciso guardar, e só não sei se agora eu estou ou não no fundo do poço, imóvel com essa imagem, nem tenho cabeça pra pensar. Você, meu tropeço, meu pé na porta, meu anjo, minha vista grossa, meus sonhos, meus pesadelos, meu choro alto, meu choro baixo, meu sorriso, meu sorriso leve, meu sorriso ensolarado, meu sol, minha força e minha fraqueza. Sonolento, eu sigo a tropa dos seus cabelos, não deixando de lado também sua boca meio aberta, deixando a mostra seus dentes da frente quase separado, que eu acho o máximo. Meu medo agora é você acordar, sua miopia me confundir e você sair por esta porta. E eu queria torrar todo o meu dinheiro agora, com cigarros e vodka, só pra comemorar todos os porres que tomei desejando sua presença, sua presença aqui imóvel, eu não ligo se enquanto você dorme, você sonha com alguém, eu não ligo pra quem você sonha, ou deseja enquanto dorme, ou pede a Deus antes de dormir, o que importa é que agora você está aqui, só pra mim. Também não me importo em me rastejar ou beijar os seus pés, lamber o seu chão, nem engolir os tantos nãos que eu sempre recebi de você de cabeça baixa, nem em acreditar que quem procura não acha. Eu só quero pensar no agora, pois agora parece que o mundo inteiro dorme, mesmo com o dia acordando, nesse momento ninguém existe, completamente ninguém, apenas eu, seu corpo e a solidão deste quarto. Se agora eu tivesse que fazer um pedido, eu iria pedir que você não acordasse agora, não acordasse e visse a minha maldita cara de bosta aqui te olhando, entregavelmente...

Danilo C.

3 comentários:

Posh disse...

que coisa mais linda e ao mesmo tempo tão triste, agridoce *_*

larainy disse...

Eu conheço esse sentimento, haha
Só não sabia que vc ficava assim, sempre que dormimos juntos :O

Anônimo disse...

eu leio seus post's e sempre fico querendo mais, vc fala de uma forma como se escrever fosse muito facil. sou fãn! ;D