domingo, 2 de janeiro de 2011

Mato Grosso

Levo minha alma pra passear, passear bem longe, longe de casa, longe de amigos, longe de tudo, longe. Enquanto me despeço de mais um ano que vai embora, faço meus pedidos e metas para o próximo que chega. E eu prometi a mim ser uma pessoa melhor, ser um ser humano melhor, ser um ser humano mais compreensivel, tentar deixar de lado esse sentimentalismo bobo, que não resolve porra nenhuma, não abaixar a cabeça a qualquer custo, se orgulhar de mim mesmo nas vitórias e derrotas. Alguém começa... Dez, nove, oito, sete, seis, cinco, quatro, três, dois, um. Feliz ano novo! E meu olho já se encheu, embaraçando minhas vistas, e eu já jogo um dos meus pedidos pelo alto, eu tinha prometido a mim mesmo deixar esse sentimentalismo de lado, menos de um minuto ele aponta, e eu já coloco tudo a perder. É, uma tragédia mesmo, e enquanto eu levo minha alma pra passear aqui nessa cidade chuvosa, eu saio lá fora e tomo um vinho, sozinho, talvez enquanto eu tome, minha alma gêmea passa. E enquanto eu espero minha alma gêmea passar, a chuva caí, atrasando minha alma da possível sorte de encontrar a sua. Será que ela é daqui? Eu nem gosto de mormaço? E eu acho um saco esses morros e ladeiras, casas e serras no meio da cidade! E aquela índia que eu vi ontem passando semi nua, será que ela também viu? E se ela também pretendia ir a praia e resolveu por culpa da chuva?. E enquanto eu tentei levar minha alma pra passear, essa chuva nem me deixar sair, e enquanto eu levo minha alma para espairecer eu já quero é voltar, voltar pra casa, eu até gosto de chuva, mas eu não aguento mais essa chuva. E assim começou o meu ano, e eu aqui as três e meia da manha, de um sábado, escrevendo pra ver se o tempo passa e eu volto logo pra minha casa, e eu aqui deitado escrevendo no escuro, com a luz que resta de um abajur aos cacos, sem enxergar direito minha letra e com minha prima falando dormindo na cama ao lado, e eu aqui morrendo de vontade de pegar um guarda-chuva e sair com minha melhor roupa e fazer essa viagem valer a pena, e eu aqui, pensando se minha alma gêmea possa estar na rua, em minha procura, e eu aqui vendo se saio ao encontro ou tento dormir, e eu aqui doido por um cigarro, é muita aflição e eu poderia dar em troca a minha dignidade, juro. E eu aqui, tediosamente, vou tentar contar carneiros e deixar minha alma gêmea de lado, talvez eu tenha várias, e eu ainda tenho um ano todo pela frente.

''talvez ela seja aquela, caucasiana, de óculos estranho e roupa de banho preta, que eu vi no clube hoje de manhã, mas essa droga de chuva teve que vir e eu perdi ela de vista. Quem sabe um dia eu reencontro...''

Ps: Barra do Garças, pare de chover.
03:45 am

Danilo C.

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