terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Dois mil e dez se despede

Quando você some e não aparece, eu vou tentando te encontrar em pensamentos, talvez crio formas, formulas, ou te procuro em papeis escritos jogados pelo quarto, ou em versos, na tinta da caneta, na janela, na chuva que caí, no céu que desaba. E eu me sinto totalmente suscetível, esperando qualquer tipo de noticia ruim ou uma forma feliz de sua chegada. E o tempo vai passando, eu penso o quão estranho foi esse ano de dois mil e dez, talvez nem seja questão de estranheza, mas sim de espanto. Pois eu, logo eu, fui me apegar com você, logo você, e isso não passa e se estende a cada dia, talvez menos forte ou bem mais e mais compreensível. E essa festa de pensamentos me levam a primeira vez que você me chamou atenção de fato, a primeira vez que eu reparei a sua luz diferente das outras pessoas, a primeira vez que eu vi o quanto era diferente o tom avermelhado da sua boca, e eu só percebi enquanto você se desculpava, depois de ter esbarrado e derramado um copo de bebida em mim. Eu enquanto te odiava naquele momento, dizia um ''deixa, não tem problema'', meio cego e com o semblante não muito amigável. Você saiu e desapareceu, eu pensei em você o resto daquela noite de Fevereiro, como penso agora, nessa noite de Dezembro, final de Dezembro, e estou aqui bem mais ligado a você, bem mais ligado ao seu olho sem cor e quase ríspido, bem mais ligado ao seu cabelo projetado, bem mais ligado a sua boca bem desenhada. E eu não sei definir em que situação eu cheguei, pois eu nem te amo. Amar para mim é quando a gente se sente forte perto da pessoa que a a gente admira, e eu só me sinto fraco, quase morro. Amar também é suspirar de alegria e não querer que a pessoa morra, como eu já quis que você morresse varias vezes. E alguns dizem que amar é sair e beber umas e outras, dizer algumas coisas bonitas e depois ir pra casa e trepar a noite inteira, e eu tenho passado por algumas camas, mas não pela sua. E eu não gosto de falar sobre amor, pois eu nem sei o que é exatamente o amor, e também não sei por que diabos eu estou falando do amor, mudemos. Tento também te decifrar em uma palavra, talvez mistério, talvez rispidez, talvez sarcasmo, talvez inspiração, talvez beleza, talvez boca vermelha, minha boca vermelha, paremos. É final de ano, dois mil e dez se despede, e eu só quero deixar claro que meu dois mil e dez, foi cheio de altos e baixos, brigas, tristezas, alegrias, já quis quebrar a casa, já quebrei coisas, já quis mandar presentes, joguei copo de bebida, bebi, bebi o mundo, eu sofri, eu sorri, eu acordei vários dias correndo em direção a privada, vomitei minha dignidade, me senti um lixo, mas isso tudo só me completou, posso ter amado também, amado de uma forma minha, talvez esse seja meu jeito de amar, talvez amar seja respeitar os sentimentos, e eu respeito o meu. E de uma coisa eu tenho certeza, dois mil e dez foi um marco.
E que venha o próximo ano...

Danilo C.

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