quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Não é

Me concentro naquele senhor que ao completar seus noventa e três anos, beija afavelmente sua esposa de oitenta e cinco...
E eu digo:
- O amor não é tão cafona assim.
Entres sorrisos emocionados, ele apaga a velinha, todos observam concentradamente e calorosamente.
Eu sei o que todos pensam...
- Quanta vida há naquele ríspido assopro?.
Tristezas, alegrias, derrotas, vitórias, amizades, filhos, netos. Tudo refletido em seus traços vividos expostos em seu rosto, como em sua testa enrugada e em suas lisas madeixas num tom branco brilhoso.
Sua mulher o observa carinhosamente com as duas mãos no peito...
Retorno a dizer:
- O amor não é tão cafona assim.
Entre sorrisos emocionados, flash's de cameras, ela recebe o primeiro pedaço daquele bolo cor de neve, pegando ele cuidadosamente e convidativamente, seguido por um beijo na testa.
Eu sei o que todos pensam...
- Quanta vida há naquele casal?
- Qual foi o primeiro ato para ambos estarem ali?
- Como se conheceram?
- O que o despertou nela?
- O que a despertou nele?
- Como era o amor em décadas atrás?
Setenta anos de casado se passaram.
Penso eu...
O amor realmente existe!
Os olhares fraternos dos dois confirmam com convicção meu pensamento. Sim, ali existe amor, e ele é mais forte do que eu acredito, ele sobrevive setenta anos.
E ao ver todos ali tão fiçurados com anos e anos de companheirismo de um casal.
Novamente e definitivamente digo:
- O amor não é tão cafona assim.

Danilo C.

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